Por suspeita de fraude, o banco pode reter o dinheiro do cliente? Entenda!

Talvez você tenha se deparado com o caso Lorena Vieira que aconteceu há um tempo atrás. Caso você não esteja por dentro do ocorrido, iremos lhe dar uma contextualização básica.

Anúncios

No dia 30 de Janeiro deste ano, a empresária e blogueira Lorenna Vieira denunciou em seu Twitter que foi alvo de uma abordagem preconceituosa e racista por parte de uma agência do Itaú do Rio de Janeiro. Segundo o relato dela em sua rede social, a empresária afirma que foi impedida de acessar a sua conta bancária, dado o “fluxo anormal” como os funcionários da instituição comunicaram.

Depois de uma longa espera na agência bancária, ela relata que foi levada a uma delegacia de polícia, e que lá, teria recebido um tratamento humilhante.

Anúncios

O banco, justificando o ocorrido, comunicou que houve uma suspeita de fraude. A instituição financeira, mesmo que sob motivo de suspeita de fraude, pode bloquear o acesso do cliente à sua própria conta?

Se você tem essa dúvida, saiba que aqui nós iremos abordar todos os detalhes do caso e o que os especialistas dizem sobre isso. Por isso, siga com a sua leitura venha saber o que de fato pode ocorrer nesses casos.

  Bradesco oferece cartão de crédito sem anuidade ao abrir conta pelo aplicativo

O que disse o banco

Em nota à imprensa, o Itaú Unibanco relatou que “lamenta muito os transtornos causados à cliente” e que “o procedimento de verificação de documentos é obrigatório em casos onde o cliente não está com o cartão em mãos ou então não faça uso da biometria para saques”.

O banco continuou dizendo que “O objetivo de tal procedimento é justamente garantir a segurança de seus clientes, não havendo qualquer relação com questões raciais ou de gênero. Infelizmente, muitas pessoas tentam aplicar golpes todos os dias com documentação falsa nos bancos, e em razão disso, o Itaú utiliza desse  procedimento para evitar fraudes dessa natureza contra os seus clientes.”

Por fim, o Itaú Unibanco reiterou o pedido de desculpas à Lorenna Vieira devido ao incômodo pelo qual teve que passar por conta da abordagem.

O que dizem os especialistas?

Os especialistas dizem que esse tipo de ação é geralmente comum nos bancos, e o ato de bloqueio ao acesso de correntistas por  suspeita de fraude quando há somas altas de dinheiro sendo transferidas para outras contas sem a permissão do titular da mesma, são normais. Porém, ainda que esse procedimento seja normalmente adotado e que seja para evitar fraudes contra o próprio cliente, a pessoa que passar por um bloqueio indevido dado essa situação tem direito à indenização por todos os danos causados.

  Novas regras do cheque especial: opção ainda é ruim?

Ou seja, a jurisprudência, neste caso, tende a favorecer o cliente.

Na verdade, a maioria dos contratos bancários possuem trechos que preveem que a instituição bancária realize o bloqueio da conta por motivo de suspeita de fraude, porém, isso nunca pode acontecer sem um aviso prévio.

O banco é, basicamente, o depositário do dinheiro de cada cliente, e nisso, ele tem direitos e deveres no ato de preservar essas quantias. E por isso, é obrigação da instituição contatar o cliente e questionar sobre alguma atividade que ela interprete como suspeita. Se por acaso não exista nenhum fundamento para a suspeita e também para bloqueio do dinheiro, e se porventura, este vir a causar algum dano – seja atraso no pagamento de uma dívida ou o constrangimento pessoal do titular da conta – isso é passível de uma ação judicial.

  4 cartões de crédito que oferecem cashback - Dicas e opções

Para solicitar uma indenização, é necessário que tenha ocorrido algum prejuízo, e que a ação do banco seja responsável por tal. Se não houve um comunicado sobre o bloqueio, o banco costuma perder na justiça.

E no caso em questão da empresária, se houve racismo por parte da instituição, isso não é apenas uma prática ilegal, como também um crime. Nesse cenário, a ilegalidade não é cometida pelo banco, e sim pela pessoa, seja ela o gerente, segurança ou outro funcionário. Com isso, não só a pessoa que cometeu o crime é denunciada à justiça, como também o banco pode ser processado, já que o mesmo responde pelas ações de seus funcionários.

A ação das redes sociais

O caso Lorenna Vieira causou um grande comoção e movimentação nas redes sociais à épica, com termos que acusavam o banco de práticas racistas atingindo os trending topics do Twitter.

Na mesma rede social, o perfil do Itaú Unibanco ressaltou que “todo o tipo de discriminação deve ser combatida”.

Enfim, de todo o modo, apesar de que situações assim possas estar previstas no contrato, abusos devem ser sempre condenados.